Métodos Alternativos

Humane Society International


  • Substituição de testes de irritação cutânea em coelhos pelo modelo de pele humana tridimensional EpiDerm. MatTek

  • Testes em células de cultura produzem resultados rápidos e mais baratos do que testes em animais, e sem o sofrimento. Shutterstock

  • Nos Estados Unidos, laboratórios de testes do governo estão substituindo o uso de ratos por robôs de alta velocidade. NIH Chemical Genomics Center

  • Supercomputadores são capazes de modular a complexa biologia humana de forma mais eficaz do que testes em animais. Taylor McKenzie

Abordagens de testes alternativos sem animais refletem a mais recente técnica que a ciência tem a oferecer para garantir a segurança de novos cosméticos e seus ingredientes. A expressão “alternativa” no contexto dos ensaios em animais é utilizada para descrever qualquer alteração nos procedimentos atuais que resulte em substituição dos animais, redução do número de animais usados nos testes ou refinamento de técnicas que minimizam ou aliviam a dor, o estresse e o sofrimento. Isso é conhecido como princípio dos 3R (do inglês replacement, reduction e refinement).

Alguns testes simples feitos em animais podem ser substituídos por culturas celulares. Como, por exemplo, o ensaio “3T3 Neutral Red Uptake”, que utiliza células de camundongo e que já foi aceito como substituto dos testes que utilizam animais para detectar reações negativas da exposição à luz solar (fototoxicidade). Outro exemplo é o modelo tridimensional de pele humana para reconstrução da pele, o EpiDerm ™, que pode substituir coelhos em testes de corrosão e irritação da pele. No entanto, a substituição de testes mais complexos, que levam em conta potenciais efeitos em todo o corpo, requer uma “estratégia integrada de testes” utilizando-se combinações de testes moleculares, celulares, genéticos e teciduais em conjunto com modelos computacionais para extrapolar ao corpo inteiro os efeitos tóxicos que ocorrem a nível celular. Outra abordagem de substituição é “dispensar” a realização de novos testes em animais, porque, por exemplo, os níveis previstos de exposição humana a um produto químico estão abaixo do que é considerado um risco significativo para a saúde ou porque as informações sobre um produto químico semelhante podem ser usadas para prever os prováveis efeitos da substância química em questão.

Validação e aceitação regulamentar

As autoridades governamentais e as empresas aceitam métodos de testes alternativos só depois de eles terem sido cientificamente “validados”, ou seja, só depois de ser provado que são relevantes para o propósito ao qual se destinam (por exemplo, a identificação de substâncias químicas que podem irritar a pele ou olhos) e que também são capazes de fornecer resultados consistentes entre laboratórios diferentes. Critérios e processos para validação de métodos foram desenvolvidos pelos Centros Regionais de Validação de Métodos Alternativos (CVAMs) na Europa, Estados Unidos, Japão, Coreia e Brasil e, em nível global, através da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O processo de validação e aceitação regulamentar é lento, caro e às vezes são necessários mais de 10 anos e milhões de reais para que um único método alternativo seja validado. No entanto, uma vez que um método alternativo tenha sido aceito diretriz de teste oficial da OCDE, todos os países membros da OCDE (atualmente 34) e aderentes a seu acordo de “aceitação mútua de dados” (incluindo o Brasil) são obrigados a aceitar os resultados do teste.

No entanto, no Brasil, nenhuma das diretrizes de testes para métodos alternativos da OCDE foram aceitas formalmente pelo órgão governamental responsável, o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA). Houve até um debate questionando se métodos validados e aceitos internacionalmente devem ser sujeitos à revalidação pelo Centro Brasileiro de Validação de Alternativas (BraCVAM). A HSI entrou em contato com o CONCEA e pediu que o Conselho tomasse medidas imediatas para assegurar a aceitação no Brasil de métodos alternativos já adotados por outros países da OCDE, evitando-se assim, testes desnecessários em animais.

O Ministério da Ciência e Tecnologia também está criando uma Rede Nacional de Métodos Alternativos (RENAMA) a fim de designar laboratórios em todo o Brasil com formação e equipamento adequados para utilizar métodos alternativos internacionalmente aceitos.

O caminho para uma substituição completa

Imagine um mundo onde os animais de laboratório são substituídos por robôs de laboratório, com computadores de alta tecnologia em vez de ensaios letais para animais. Não é ficção científica, é a visão da “toxicologia do século 21” que o Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos articulou e que é seguida por cientistas conceituados em todo o mundo.

Em vez de observar sinais de doença grave ou letal em animais submetidos a overdoses químicas, uma abordagem totalmente nova para testes de segurança está sendo desenvolvida com base no entendimento de como os produtos químicos podem prejudicar as funções normais do corpo humano a nível celular. Para conseguir isso, os cientistas dividem o corpo humano de acordo com os seus vários tipos de células (cérebro, pele, pulmão, fígado, etc.) e cada um destes tipos de células é individualmente testado no sistema de cultura de tecidos. Depois, para reconstruir novamente a estrutura completa do corpo humano, computadores de ponta são utilizados para relacionar os resultados de diversas células, assim como relacionar os testes genéticos, a fim de obter resultados relevantes para as condições do mundo real.

Essa nova e sofisticada abordagem tem potencial para produzir resultados que são mais relevantes para os seres humanos em tempo e custo muito menores do que os ensaios com animais. E, com informação de qualidade, vem a melhoria da saúde humana e da proteção dos consumidores, ambos os lados saem ganhando.

Conheça mais

  • Sobre o trabalho da HSI para modernizar as diretrizes mundiais para cosméticos, produtos químicos e medicamentos.
  • Sobre o Briefing do Conselho Nacional de Pesquisa: Testes de Toxicidade no Século 21 (conteúdo em Inglês).
  • Sobre o Projeto AXLR8 (conteúdo em Inglês).
  • Sobre o Relatório da HSI: Advancing Safety Science and Health Research with Innovative Non-Animal Tools (conteúdo em inglês).
  • Sobre a lista completa de métodos alternativos validados e/ou aceitos e estratégias para testes disponíveis no site parceiro da HSI, AltTox.org (conteúdo em inglês).
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